"E após o clarão do relâmpago, a escuridão da noite profunda, a calma nada calma do que é demasiado; demasiado ver, demasiado sofrer, demasiado saber. Não a calma do sono, mas da morte breve; quando a dor é excessiva, há que morrer um pouco para continuar.
A minha árvore- a árvore com que eu tinha crescido e cuja companhia, pensava eu, me acompanharia ao longo dos anos, a árvore sob a qual, pensava eu, cresceriam os meus filhos- tinha sido arrancada. A sua queda arrastara consigo muitas coisas: o meu sono, a minha alegria, a minha aparente despreocupação. Um extrondo que provocou, uma explosão; um antes, um depois; uma luz diferente, a escuridão tornada intermitente. Escuridão de dia, escuridão de noite, escuridão em pleno Verão. E, da escuridão, uma certeza: a dor é o pântano em que sou obrigada a caminhar.
Não há mistério maior do que o minúsculo. É aí, sob a protecção do invisível, que se dá a explosão do secreto. Uma pedra, antes de ser uma pedra, é sempre uma pedra, mas uma árvore, antes de ser uma árvore, é uma semente; o homem, antes de ser um homem, é uma mórula."
In: Escuta a minha voz- Susanna Tamaro
Este é o video que tinha feito para o aniversário dele.